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A mãe só pediu um pouco de dinheiro para conseguir voltar à cidade natal, mas a filha inventou mil desculpas para se recusar e até deixou de enviar o apoio mensal. O que ela nunca imaginou foi que, poucos dias depois, os familiares da vila ligariam com uma notícia que a pegou como um balde de água fria…

Capítulo 1 – O Pedido


São Paulo nunca dorme. As ruas ferviam com buzinas, vendedores ambulantes e a pressa de milhares de pessoas. Mas no apartamento pequeno de Maria, a cidade parecia distante, como se todo aquele barulho fosse de outro mundo. Maria digitava freneticamente no computador do escritório doméstico, tentando terminar relatórios atrasados, quando seu telefone tocou.

— Alô? — atendeu, a voz carregada de cansaço.

— Maria… filha… — a voz de Dona Rosa soava trêmula e cansada, mas carregava aquela ternura que só mães possuem. — Consegue… me enviar um pouco de dinheiro? Preciso voltar ao povoado por alguns dias… só uma viagem…

Maria sentiu um peso no peito. Ela sabia que, por trás do pedido, havia a saudade de uma vida simples na Amazônia, do verde profundo do rio, do cheiro da terra molhada depois da chuva. Mas também sentia o aperto da própria vida em São Paulo, as contas acumuladas, os atrasos do aluguel, a pressão do trabalho.

— Mãe… agora está difícil… o trabalho está uma loucura. — Maria respondeu, tentando soar firme. — Além disso, esses meses… eu também estou precisando do dinheiro… Não sei se consigo.

Dona Rosa suspirou. — Entendo, filha… Mas só um pouco… Não consigo ir sem isso…

Maria desviou o olhar da tela e respirou fundo. Em sua mente, começaram a surgir justificativas, todas convincentes: “Mãe precisa aprender a se virar sozinha… Não posso me sacrificar por tudo… Ela sempre se vira…”.

— Mãe… eu… — hesitou. — Eu não posso agora. Talvez da próxima vez.

A ligação terminou, e Maria sentiu um alívio momentâneo misturado com uma pontada de culpa. Mas em poucos dias, ela decidiu: não enviaria mais dinheiro. “Ela precisa se virar sozinha”, murmurou para si mesma, fechando a janela do navegador e mergulhando no trabalho.

No fundo, Maria não queria encarar a verdade: ela se afastava de sua mãe, não por maldade, mas por medo, por orgulho e pela rotina sufocante da cidade grande.

Capítulo 2 – A Notícia


Foram apenas alguns dias, mas a rotina de Maria foi interrompida por um telefonema inesperado. O número era desconhecido. Ela atendeu, sem saber que aquele instante mudaria tudo.

— Maria… — disse uma voz nervosa, quase sussurrando. — É sobre sua mãe… Dona Rosa…

O coração de Maria disparou. — O que aconteceu? — perguntou, tentando manter a calma.

— Ela… adoeceu… gravemente… e… — a voz se quebrou. — Ela… faleceu.

O mundo pareceu desabar sobre Maria. O celular caiu de suas mãos, e o corpo inteiro ficou paralisado. Cada memória da infância, cada abraço, cada conselho de sua mãe invadiu sua mente em uma sequência dolorosa. Ela pensou naquelas pequenas mensagens ignoradas, nas ligações devolvidas com pressa, no último pedido que ela não atendeu.

— Não… não pode ser… — sussurrou, lágrimas escorrendo sem controle.

Nos dias seguintes, Maria comprou a passagem para o povoado no coração da Amazônia. A viagem de avião, seguida por um barco lento no rio sinuoso, parecia levá-la para outro mundo. O verde intenso, os sons da floresta, o cheiro úmido da terra… tudo contrastava com o concreto e o caos de São Paulo.

Quando chegou, a pequena comunidade a recebeu com olhares tristes e palavras mansas. As casas de madeira, o chão de barro, as crianças correndo descalças pelo quintal… tudo parecia igual, mas Maria se sentia estranha, deslocada.

— Maria… sinto muito… — disse uma vizinha, colocando a mão em seu ombro. — Ela sempre falou de você… sempre esperou por sua visita…

Maria apenas assentiu, incapaz de falar, imersa em uma mistura de dor e culpa. Ela caminhou até o pequeno terreno onde o corpo de sua mãe fora enterrado. As lágrimas continuavam a cair, e cada passo parecia afundar mais em seu próprio arrependimento.

— Mãe… desculpe… — murmurou, a voz falhando. — Eu… eu devia ter ido… eu devia ter ajudado…

O silêncio do povoado respondia, pesado e profundo, lembrando-a de que certas oportunidades não voltam.

Capítulo 3 – O Luto e a Lição


Nos dias que se seguiram, Maria ficou na casa de infância de Dona Rosa. Cada objeto parecia contar uma história: a panela de barro, o vestido pendurado, as cartas guardadas em uma caixa. Ela passou horas revirando memórias, tentando sentir a presença da mãe entre aquelas paredes.

Os vizinhos a visitavam, sempre com cuidado, contando pequenas histórias de Dona Rosa: como ela ajudava os outros, como sorria mesmo nos dias difíceis, como falava da filha com orgulho e também com saudade. Maria escutava, cada história penetrando seu coração, tornando a culpa ainda mais pesada.

— Ela sempre dizia: “O mais importante na vida é a família, Maria… nunca se esqueça disso.” — contou a tia-avó, os olhos marejados. — E ela te amava muito, sabia? Mesmo quando você parecia distante…

Maria sentou-se junto ao rio ao entardecer, observando a luz dourada refletida na água. Ela finalmente percebeu que o tempo perdido, as pequenas desculpas, o orgulho, tudo isso não poderia ser recuperado. Só restava o aprendizado: a atenção e o amor não se medem em dinheiro ou justificativas.

Ao retornar a São Paulo, Maria carregava consigo não apenas a dor da perda, mas uma determinação profunda: valorizar cada momento com aqueles que ama, sem esperar por circunstâncias perfeitas ou desculpas convenientes.

— Mãe… prometo que não esquecerei… — murmurou para si mesma, olhando para o horizonte da cidade cinzenta. — Cada gesto, cada ligação, cada abraço. Eu aprendi, mãe. Eu aprendi da pior forma possível, mas aprendi.

Naquela noite, Maria adormeceu com o coração pesado, mas também com uma centelha de esperança: que, embora não pudesse voltar no tempo, poderia fazer do presente algo significativo, honrando a memória de Dona Rosa em cada ação futura.

‼️‼️‼️Nota final para o leitor: Esta história é inteiramente híbrida e ficcional. Qualquer semelhança com pessoas, eventos ou instituições reais é mera coincidência e não deve ser interpretada como fato jornalístico.

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