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A nora pressiona o marido para que ele expulse o próprio pai de casa e assim ficar com a herança… Mas, apenas uma semana depois, os dois se deparam com um desfecho amargo…

Capítulo 1 – A Ambição em Casa


A chuva caía em finos fios sobre o telhado antigo da casa de Antônio, enquanto o vento agitava as cortinas brancas do salão. Dentro, a tensão era quase palpável. Isabela caminhava de um lado para outro, seus saltos ecoando no piso de madeira, os olhos fixos em Rafael.

— Rafael, você precisa entender… — começou ela, a voz carregada de urgência. — Seu pai… ele não entende mais a vida como nós vivemos. Está nos atrasando, segurando nosso futuro!

Rafael olhou para a janela, evitando o olhar dela. Sempre respeitou o pai, admirou a determinação silenciosa do homem que ergueu aquela casa tijolo por tijolo. Mas as dívidas que haviam se acumulado nos últimos meses apertavam como uma corda no pescoço.

— Isabela… eu… — hesitou, sentindo o peso do que estava prestes a ouvir — não sei se… se isso é certo.

— Certo ou errado não importa! — explodiu ela, as mãos tremendo de impaciência. — Importa que a oportunidade está diante da gente! Ele vai embora, Rafael. Ele tem que ir.

Silêncio. Som de chuva batendo no vidro. Rafael sentiu um frio percorrer a espinha. O coração doía em antecipação do que estava por vir, mas a voz firme de Isabela parecia quebrar todas as barreiras de sua consciência.

Na manhã seguinte, Antônio, com o passo lento e a expressão dolorida, começou a empacotar seus pertences. Cada objeto carregava uma memória: a fotografia em preto e branco da esposa já falecida, a cadeira de balanço que rangia sob o peso de tantos anos, os livros com páginas amareladas pelo tempo.

— Rafael… meu filho — disse Antônio, a voz embargada — por que? Por que vocês…?

Rafael desviou o olhar, incapaz de responder. Isabela apertou a mão dele, como se o ato pudesse dar coragem.

— É necessário, pai. Você sabe que… que é o melhor — balbuciou Rafael, cada palavra um punhal em seu próprio coração.

A comunidade observava em silêncio. As vizinhas cochichavam atrás das cercas, algumas chateadas, outras apenas curiosas. Mas ninguém ousou intervir. Antônio saiu sem olhar para trás, o vento misturando-se com a chuva, e a casa, que sempre foi cheia de risos e aromas de comida caseira, ficou estranhamente silenciosa.

Capítulo 2 – O Vazio do Poder


A semana seguinte trouxe um vazio que Isabela não esperava. O silêncio da casa parecia gritar em cada canto. Rafael se sentava sozinho no sofá, a cabeça entre as mãos, enquanto o relógio marcava horas lentas, quase zombando de sua culpa.

— Rafael… — começou Isabela, sentando-se ao lado dele — você está bem?

Ele não respondeu de imediato. Olhava para a cozinha, imaginando o pai preparando café, chamando o neto para brincar, contando histórias que faziam todos rirem. A casa era deles, sim, mas parecia um mausoléu de lembranças.

— Não é como eu pensei que seria — confessou ele, a voz baixa. — Eu achei que… que teríamos liberdade, mas… sinto que perdemos algo que nunca mais vamos ter.

Isabela sentiu um aperto no peito. Ela sempre acreditou que a ambição era a chave para felicidade, mas agora o peso do vazio do lar — do lar que nunca mais seria o mesmo — sufocava-a.

Naquela tarde, uma tempestade desabou sobre Copacabana. O vento batia com violência nas janelas, e a chuva formava rios pelas calçadas. Rafael e Isabela discutiam sobre os próximos passos: investimentos, reformas, maneiras de aumentar ainda mais a riqueza herdada. Cada palavra era um lembrete cruel de que o coração já não estava mais presente.

Então, o telefone tocou. Isabela atendeu com uma ansiedade disfarçada de normalidade.

— É… hospital? — a voz dela falhou. — Meu Deus… Antônio?

Rafael aproximou-se. O médico falou com voz grave: Antônio sofrera um acidente. Estava em estado crítico. As mãos de Rafael tremeram, seu corpo pareceu pesar toneladas. Isabela sentiu o estômago revirar.

— Nós… nós vamos para lá agora — disse Rafael, engolindo a própria angústia.

No carro, o silêncio era pesado. Cada curva pelas ruas molhadas de Rio parecia um lembrete de todas as escolhas erradas. A tempestade exterior refletia a tempestade interior que os consumia.

Capítulo 3 – O Preço da Ambição


O hospital estava cheio de cheiros de antisséptico e luzes frias. Rafael segurou a mão de Antônio, o homem que o ensinara a andar de bicicleta, a respeitar os vizinhos, a ser paciente. Agora, suas mãos eram fracas, quase transparentes, e o silêncio entre eles era ensurdecedor.

— Pai… me perdoe — sussurrou Rafael, lágrimas escorrendo.

Isabela ficou parada, observando. Por um instante, compreendeu que nenhum dinheiro poderia preencher o vazio deixado pelo homem que ela ajudara a afastar.

Antônio não resistiu. A notícia chegou com uma frieza cortante: ele havia falecido. A casa que antes ressoava com vida agora era apenas paredes vazias, sombras e lembranças que ninguém podia apagar.

Rafael sentou-se na varanda, olhando para o mar cinza de Copacabana. O vento levava consigo ecos de risadas antigas, e cada onda parecia sussurrar: “vocês pagaram o preço”. Isabela aproximou-se, sem dizer nada. Ela sabia que não havia palavras que pudessem curar a ferida.

Dias depois, os vizinhos olhavam com desdém e tristeza para o casal que, embora cercado de riqueza, carregava nos olhos o peso de uma perda irreparável. A casa permanecia intacta, mas vazia, como um monumento à ambição que custou o que realmente importava.

Isabela, sozinha na sala, observava o pôr do sol tingir o céu de vermelho sobre o oceano. O brilho dourado refletia no vidro das janelas, mas não havia calor, não havia risos. Ela finalmente entendeu: dinheiro não pode comprar o tempo perdido, nem reparar corações partidos.

E a casa, silenciosa e imponente, permanecia ali, lembrando-os todos os dias do preço que pagaram por deixar a ganância guiar suas vidas.

‼️‼️‼️Nota final para o leitor: Esta história é inteiramente híbrida e ficcional. Qualquer semelhança com pessoas, eventos ou instituições reais é mera coincidência e não deve ser interpretada como fato jornalístico.

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