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O marido, cruel e insensível, expulsa a esposa e a filha de casa em meio a uma tempestade, apenas para levar a amante jovem e bonita para morar com ele. A mulher, profundamente devastada, sem qualquer outra saída, é obrigada a aceitar o destino e partir levando a filha consigo. Cinco anos depois, ela consegue reconstruir a própria vida com muito esforço. Durante uma viagem com a filha, dentro de um carro luxuoso, ela fica em choque ao reconhecer o ex-marido — o mesmo homem que a traiu no passado — agora sentado à beira da estrada, sobrevivendo como vendedor ambulante. Esse é o preço que ele teve de pagar por sua traição…

CAPÍTULO 1 – A CHUVA QUE QUEBROU UMA FAMÍLIA


A chuva tropical caía com fúria sobre o subúrbio do Rio de Janeiro, como se o céu estivesse desabando. O vento sacudia as telhas de zinco, fazendo-as ranger como lamentos antigos. Dentro da casa simples, porém bem cuidada, o ar estava pesado, sufocante, carregado de algo que não podia mais ser consertado.

Eduardo Silva estava de braços cruzados diante da porta. O rosto duro, os olhos frios, sem qualquer traço do homem que um dia prometera amor eterno. À sua frente, Mariana segurava a filha com força, como se o corpo pequeno de Luna, de apenas seis anos, fosse a última coisa que ainda a mantinha em pé.

— Sai daqui. Agora. — A voz de Eduardo foi firme, cortante. — Essa casa não é mais sua.

O som da chuva misturava-se ao choro contido de Luna. A mala velha, aberta no chão, exibia roupas jogadas às pressas, algumas já molhadas pela água que entrava pelas frestas da porta.

— Eduardo… — Mariana tentou falar, mas a voz falhou. — Dez anos… nós construímos isso juntos.

Atrás dele, encostada na parede como se fosse a verdadeira dona do lugar, estava Camila. Jovem, bonita, cabelos loiros cuidadosamente arrumados, um sorriso de triunfo nos lábios. Ela observava a cena com desprezo disfarçado de paciência.

— Você já ouviu o Eduardo — disse Camila, com tom doce e venenoso. — Não torne isso mais difícil do que já é.

Mariana sentiu o chão sumir sob seus pés. Ela caiu de joelhos, sem dignidade, sem orgulho. Não por si, mas pela criança que tremia em seus braços.

— Você pode me expulsar… — suplicou, olhando nos olhos do marido. — Mas a Luna é sua filha. Olha pra ela, Eduardo!

Por um instante, o silêncio tomou conta da sala. Eduardo desviou o olhar. O barulho da chuva parecia mais alto.

— Eu já decidi — murmurou. — Vocês precisam ir.

Camila deu um passo à frente e abriu a porta. Um vento frio entrou, trazendo a água da tempestade.

— Vamos — disse ela. — Não temos a noite toda.

Mariana levantou-se com dificuldade. Segurou a mão da filha, pegou a mala. Antes de sair, ainda tentou uma última vez:

— Um dia… você vai se arrepender.

Eduardo não respondeu. A porta se fechou com força, separando, em um único segundo, tudo o que havia sido uma família.

Na rua, a chuva caía sem piedade. Mariana caminhava sem saber para onde, protegendo Luna como podia. Cada passo era uma ferida aberta. Dentro de si, porém, algo nascia silenciosamente: uma promessa.

Ela não sabia como, nem quando. Mas jurou, sob aquela chuva, que nunca mais permitiria que sua filha fosse rejeitada, humilhada ou abandonada.

CAPÍTULO 2 – CINCO ANOS PARA RENASCER


Os primeiros meses em São Paulo foram brutais. Mariana e Luna dividiram um quarto minúsculo, com paredes descascadas e uma janela que mal deixava entrar luz. Ainda assim, Mariana sorria todos os dias para a filha.

— A gente vai ficar bem — dizia, enquanto penteava o cabelo de Luna pela manhã. — Prometo.

Durante o dia, lavava pratos em um restaurante. À noite, limpava quartos de hotel. Quando Luna dormia, Mariana estudava costura com vídeos antigos no celular emprestado.

— Mãe, você não dorme? — Luna perguntava, com olhos sonolentos.
— Dormir é depois, meu amor. Sonhar vem primeiro.

Os anos passaram com lentidão e dor, mas também com pequenas vitórias. Mariana começou a fazer roupas simples, depois vestidos. Usava tecidos coloridos, inspirados na cultura brasileira, nos bordados do Nordeste, nas rendas, nas histórias das mulheres que conheceu.

Um dia, uma turista estrangeira comprou uma de suas peças.
— Isso é arte — disse a mulher. — Você deveria vender isso para o mundo.

A frase mudou tudo.

Cinco anos se passaram.

Mariana agora era dona de uma pequena, porém respeitada marca de moda artesanal. Não era rica, mas era livre. Caminhava com a cabeça erguida. Luna, agora com onze anos, era inteligente, observadora, segura de si.

— Mãe, você é forte — dizia a menina.
— Não. Eu aprendi a ser.

Decidiram voltar ao Rio. Não por saudade, mas por encerramento. Mariana sabia que algumas feridas só cicatrizam quando são encaradas.

CAPÍTULO 3 – O PREÇO DA TRAIÇÃO


O carro parou próximo à praia de Copacabana. O sol brilhava forte, turistas caminhavam, vendedores gritavam ofertas. Luna falava animada quando percebeu a mãe em silêncio.

— Mãe? O que foi?

Mariana olhava fixamente para a calçada.

Ali, sentado no chão, estava um homem magro, roupas gastas, segurando uma caixa de doces de coco e garrafas de água. O cabelo grisalho, o rosto cansado. Ainda assim, era impossível não reconhecer.

Eduardo.

Mariana desceu do carro. Eduardo levantou os olhos. Quando a viu, empalideceu.

— Mariana…? — sussurrou.

Ele começou a falar, quase sem controle. Contou sobre Camila, sobre o dinheiro perdido, os negócios fracassados, a solidão. Falou do arrependimento, das noites sem rumo.

— Eu errei… — disse, chorando. — Me perdoa. Me deixa ver minha filha.

Luna observava tudo em silêncio.

Mariana respirou fundo. Sentiu pena, mas não amor. Nem ódio.

Ela entregou algum dinheiro a ele.

— Isso não é perdão — disse calmamente. — É humanidade.

Virou-se para Luna.

— Quer dizer algo?

Luna deu um passo à frente.

— Eu não te odeio — disse. — Mas quem esteve comigo todos os dias foi minha mãe. Isso é o que importa.

Eduardo chorou, sozinho, em meio à multidão.

O carro partiu. Mariana segurou a mão da filha. Pela primeira vez, sentiu o coração leve.

O passado ficou para trás.
O futuro, finalmente, era delas.

‼️‼️‼️Nota final para o leitor: Esta história é inteiramente híbrida e ficcional. Qualquer semelhança com pessoas, eventos ou instituições reais é mera coincidência e não deve ser interpretada como fato jornalístico.

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